quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Actos dos Apóstolos - Pedro o Extorsionario





Não entregas todo o dinheiro? Morres já!

Em Actos 5:1-11 é relatado um episódio sobre um tal Ananias e a sua mulher que venderam uma sua propriedade e entregaram o dinheiro aos apóstolos. Parece que Pedro soube que a propriedade tinha rendido mais do que o dinheiro que eles entregaram e foi confrontar o casal: primeiro Ananias e depois a mulher, Safira.

Actos 5:1-11 Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade, e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e levando a outra parte, a depositou aos pés dos apóstolos. 
Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno? Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não estava o preço em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus. 
E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E grande temor veio sobre todos os que souberam disto. Levantando-se, uns moços cobriram-no e, transportando-o para fora, o sepultaram. Depois de cerca de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido. 
E perguntou-lhe Pedro: Dize-me vendestes por tanto aquele terreno? E ela respondeu: Sim, por tanto. Então Pedro lhe disse: Por que é que combinastes entre vós provar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e te levarão também a ti.  
Imediatamente ela caiu aos pés dele e expirou. E, entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a para fora, sepultaram-na ao lado do marido. Sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos os que ouviram estas coisas.

Parece que Pedro queria o dinheiro todo e deu uma grande repreensão a Ananias que resultou na morte deste. Depois o mesmo aconteceu à mulher de Ananias! Os coitados dos primeiros cristãos para além de serem atormentados pelos “infiéis” ainda tinham de suportar a tirania dos apóstolos!

Por outro lado, é possível que o autor de Actos quisesse identificar os primeiros cristãos com os essénios, que viviam em comunidade e entregavam todos os bens privados para benefício do grupo.

O que é dito em Actos é que os crentes entregavam os bens aos apóstolos. Se era para benefício do grupo... ou não... já é outro assunto!

Actos 4:34 Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos.

Aqui não se tratava de entregar o dízimo (um décimo dos rendimentos)... Pelo que é relatado em Actos, os crentes entregavam todos os seus bens aos apóstolos!


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Actos dos Apóstolos - Anti-semitismo





O conteúdo anti-judaico, que nos evangelhos começou por aparecer um pouco timidamente, cresce em Actos dos Apóstolos, como se pode ver nas seguintes passagens:

-          Pedro culpa os judeus pela morte de Jesus:
Actos 3:14-15 Mas vós negastes o Santo e Justo, e pedistes que se vos desse um homicida; e matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas. 
Actos 5:30 O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro
Actos 10:39 Nós somos testemunhas de tudo quanto fez, tanto na terra dos judeus como em Jerusalém; ao qual mataram, pendurando-o num madeiro.


-          Estêvão culpa os judeus de, ao longo da sua história, terem morto os profetas e também de traírem e matarem Jesus:
Actos 7:51-52 Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; como o fizeram os vossos pais, assim também vós. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que dantes anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e homicidas


-          Por causa do comportamento dos judeus de Corinto, Paulo desiste dos judeus e passa apenas a lidar com gentios (não-judeus):
Actos 18:6 Como estes, porém, se opusessem e proferissem injúrias, sacudiu ele as vestes e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora vou para os gentios.


Analisemos estas passagens com atenção:

   1. Quem matou Jesus foram todos os judeus
De acordo com as palavras de Pedro, foram os judeus que mataram Jesus; por isso não foi crucificado mas sim pendurado numa árvore (gr. “kremasantes epi xylou”); isto porque quem crucificava eram os romanos! 
A pena de morte, quando aplicada pelos judeus, consistia em apedrejamento. Nos casos considerados mais graves o condenado era pendurado, depois de morto, para servir de exemplo ao resto da população. 
Os evangelhos contam que Jesus foi morto por crucificação (gr. stauros) e que quem lhe aplicou a pena de morte foram os romanos, mas, em Actos, Pedro diz que os judeus penduraram-no numa árvore!


   2. Quem traíu Jesus foram todos os judeus
De acordo com as palavras de Estêvão, não foi Judas que individualmente traíu Jesus, mas sim todos os judeus traíram Jesus
Isto leva a concluir que, nos evangelhos, Judas foi introduzido não como um indivíduo mas como uma representação alegórica de todo o povo judeu.


   3. O mundo divide-se entre judeus e não-judeus
Continuamos, portanto, a verificar que o Novo Testamento, em muitas passagens, divide o mundo entre judeus e não-judeus (os gentios). O episódio de Paulo em Corinto, narrado em Actos, é ilustrativo dessa tendência.
Os não-judeus são geralmente retratados de modo muito mais favorável.


domingo, 27 de janeiro de 2013

Actos dos Apóstolos - Anacronismo, Teletransporte





Anacronismo - Judas Galileu depois de Teudas?

Em Actos relata-se que, pouco tempo depois da crucificação de Jesus, os apóstolos começaram a ser perseguidos e detidos pelas suas actividades proselitistas.

Quando estava reunido o Sinédrio para decidirem o que fazer dos apóstolos detidos no Templo, o famoso sábio Rabi Gamaliel fez um discurso para apelar à cautela do Tribunal:
Actos 5:34-38 ... acautelai-vos a respeito do que estai para fazer a estes homens. Porque, há algum tempo, levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; ao qual se ajuntaram uns quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos e reduzidos a nada. Depois dele levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos após si; mas também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos.

A questão a considerar aqui é o anacronismo das declarações de Gamaliel, porque coloca Judas Galileu depois de Teudas. No entanto a cronologia geralmente aceite, segundo as crónicas de Flávio Josefo, é a seguinte:
-          Judas Galileu liderou uma revolta contra os romanos, no tempo do censo de Quirinius (6 EC);

-          Teudas liderou um conjunto de rebeldes durante a perfeitura de Cuspius Fadus (44 - 46 EC).


Um sábio como Gamaliel não faria um erro destes - trocar a ordem de dois eventos históricos separados por quarenta anos.

Por outro lado, o episódio do aprisionamento dos apóstolos, a ser verdadeiro, deveria ter ocorrido por volta da década de 30, antes do episódio de Teudas. Como é que Gamaliel fala de um evento que ainda não tinha ocorrido?

Quem é responsável por estes erros? Foi, claro, o autor de Actos dos Apóstolos, pois escreveu muito mais de 100 anos após o episódio de Teudas. Muitos apontam cerca de 180 EC como a data de escrita - nesta altura, os episódios de Judas Galileu e de Teudas eram já acontecimentos remotos.



Filipe e o Etíope - teletransporte

O autor de Actos certamente tinha também conhecimento do florescimento de uma forma de cristianismo na Etiópia (hoje designado de cristianismo copta), e também quis “explicar” este fenómeno pela intervenção de Filipe, um apóstolo dos evangelhos:
Actos 8:26-40 Mas um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai em direção do sul pelo caminho que desce de Jerusalém a Gaza, o qual está deserto. E levantou-se e foi; e eis que um etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adorar, regressava e, sentado no seu carro, lia o profeta Isaías. Disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro. ... E indo eles caminhando, chegaram a um lugar onde havia água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? [...] mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e Filipe o batizou. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco, que jubiloso seguia o seu caminho. ...

O objectivo do autor era criar a noção de que na origem dos cultos cristãos estavam os apóstolos. Neste caso temos Filipe a passar a fé a um etíope que ia de regresso a casa.

Incidentalmente, o episódio termina com um tom cómico: Filipe foi depois tele-transportado por um espírito para Azoto (Asdode), uma cidade a quilómetros de distância.


sábado, 26 de janeiro de 2013

Actos dos Apóstolos - Os bêbados de Pentecostes






Bebedeiras só depois do almoço

Em Actos 2:1-4 é descrita uma assembleia (não se percebe se esta seria composta pelas 120 pessoas mencionadas em Actos 1:15 ou se era apenas composta pelos 12 apóstolos), no dia de Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa (ou da morte de Jesus), em que os participantes receberam o Espírito Santo sob a forma de uma chama de fogo, que poisou sobre cada um deles, e que ganharam o poder de falar em líguas estrangeiras (tiraram o curso completo sem ter de estudar ...).

Imediatamente estes espalharam-se por Jerusalém para falar às pessoas de língua estrangeira, principalmente judeus que tinham vindo de todas as partes do mundo para as festividades. Uns ficaram admirados por ouvirem galileus a falar nas mais variadas línguas, mas outros começaram a zombar e a insinuar que eles estavam bêbados:
Actos 2:13-15 E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto. Então Pedro, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras. Pois estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto que é apenas a terceira hora do dia.

Pedro, em defesa, disse que os seus homens não estavam bêbados porque ainda era muito cedo, apenas nove ou dez horas da manhã (“terceira hora do dia”). Se este episódio tivesse ocorrido da parte da tarde, Pedro já teria de fazer um teste de alcoolemia aos companheiros para poder certificar-se do seu estado de sobriedade!

Todo este episódio teria o propósito de “explicar” aos crentes do século II como é que o cristianismo se espalhou tão depressa, em escassas décadas, através de povos de vários idiomas e culturas. Mas é provável que o cristianismo já existisse muito antes disso, com um progresso mais lento ao longo do tempo. Existiria antes do tempo atribuido ao Jesus dos evangelhos, sob muitas formas e designações. O Jesus Nazareno pode ter surgido a partir do desejo de alguns crentes criarem um enquadramento histórico para uma encarnação de Cristo.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Actos dos Apóstolos - Judas






A morte de Judas

O livro Actos dos Apóstolos tem uma versão sobre o fim da vida de Judas semelhante à de Mateus, mas contraditório nos detalhes.

Mateus
Actos
Mateus 27:3-8 Então Judas..., devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos anciãos, dizendo: Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam eles: Que nos importa? Seja isto lá contigo. E tendo ele atirado para dentro do santuário as moedas de prata, retirou-se, e foi enforcar-se. Os principais sacerdotes, pois, tomaram as moedas de prata, e disseram: Não é lícito metê-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue. E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo do oleiro, para servir de cemitério para os estrangeiros. Por isso tem sido chamado aquele campo, até o dia de hoje, Campo de Sangue.
Actos 1:18-19 Ora, ele adquiriu um campo com o salário da sua iniquidade; e precipitando-se, caiu prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram. E tornou-se isto conhecido de todos os habitantes de Jerusalém; de maneira que na própria língua deles esse campo se chama Acéldama, isto é, Campo de Sangue.


Façamos a comparação:

Mateus
Actos
Judas mostra-se arrependido da traição
Judas não se arrepende
Judas devolveu o dinheiro da traição e os sacerdotes compraram um terreno (de um oleiro, como se fosse relevante...) com esse dinheiro;
Judas comprou um terreno com o dinheiro da traição;
Judas cometeu suicídio enforcando-se;
Judas caiu (presumivelmente de um local alto - entendendo-se uma queda acidental) e, quando caiu, as suas entranhas espalharam-se pelo solo;
o Campo de Sangue chama-se assim porque foi comprado com o “preço de sangue”;
o Campo de Sangue chama-se assim por causa das entranhas derramadas;
  

O texto de Mateus 27:3-8 tem ainda um dado muito importante: o versículo 8 diz “... tem sido chamado aquele campo, até o dia de hoje, ...”. Note-se que a expressão “até o dia de hoje” revela que o autor estava claramente a relatar acontecimentos remotos (longínquos no tempo). Não é suposto o nome de um lugar mudar em pouco tempo. Isto assegura-nos que esta passagem, em Mateus, sobre a morte de Judas tenha sido escrita muito depois dos eventos que supostamente relata.



A substituição de Judas

O livro de Actos afirma que Judas teve um sucessor para que o número de apóstolos continuasse a ser doze. Mas existiam dois candidatos ao lugar. Como é que foi feita a selecção? Por comparação de curriculums? Não!...
Actos 1:23-26 E apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias. E orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces os corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido para tomar o lugar neste ministério e apostolado, do qual Judas se desviou para ir ao seu próprio lugar. Então deitaram sortes a respeito deles e caiu a sorte sobre Matias, e por voto comum foi ele contado com os onze apóstolos.

Assim um novo apóstolo, Matias, passou a fazer parte dos doze apóstolos... por sorteio!



domingo, 20 de janeiro de 2013

Actos dos Apóstolos - Introdução, Ascensão






Introdução

O livro Actos dos Apóstolos, ou pelo menos uma parte deste, foi provavelmente escrito pelo mesmo autor que escreveu Lucas (ou um autor da mesma “escola”).

Lucas 1:1-3
Actos 1:1-2
Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem.    
Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar, até o dia em que foi levado para cima, depois de haver dado mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera;

Este livro constitui uma conveniente harmonização entre os evangelhos e as cartas de Paulo. Conveniente, porque, como vamos ver mais à frente, a mensagem de Paulo não tem muito em comum com a mensagem dos evangelhos. Se não fosse pelo livro Actos, o Novo Testamento teria duas doutrinas claramente separadas: a doutrina dos Evangelhos e a doutrina de Paulo.

O livro de Actos tem uma parte acerca da primitiva igreja de Jerusalém liderada por Pedro e depois uma detalhada biografia de Paulo, que aparece em cena alguns anos após a morte de Jesus.

O livro está escrito sob a forma de romance de aventuras, como se fosse orientado para uma audiência juvenil, pois contém muita acção.


Adeus, até à próxima - a Ascensão

No início do livro de Actos ficamos a saber que Jesus foi observado pelos discípulos enquanto subia aos céus (numa cena semelhante ao lançamento do Space Shuttle). Durante este evento apareceram dois anjos (ou, simplesmente, dois homens de branco) que lhes disseram que Jesus haveria de retornar do mesmo modo que subiu aos céus:
Actos 1:9-12 Tendo ele dito estas coisas, foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. Estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles apareceram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.

Nos evangelhos, Jesus profetiza o seu regresso dentro da geração dos discípulos que conviveram com ele. Nestas profecias Jesus identifica-se com o nome de “Filho do homem” (pelo menos essa é a interpretação tradicional, que Jesus está a falar dele próprio quando diz "Filho do homem"):
Marcos 8:38-9:1 Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos. Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder. (também em Mateus 16:27-28 e Lucas 9:26-27)
Marcos 13:24-30 Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados. Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória. E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu. ... Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas essas coisas aconteçam. (também em Mateus 24:29-34 e Lucas 21:25-32).

É certo que, durante os quase dois mil anos que passaram, algumas pessoas dizem ter “visto” Jesus. Mas devemos considerar isto apenas como uma esperiência pessoal e íntima (e não sabemos quantos casos ligados a patologias mentais) e não propriamente como um retorno do Cristo à terra.

Quanto aos discípulos que viviam no tempo de Jesus, a geração deles há muito tempo que se finou e nada de extraordinário aconteceu!

Mas, recuemos no tempo, e imaginemos que o cristianismo começou sem o Jesus Nazareno. Imaginemos que começou em torno de um Cristo celestial, Filho de Deus. Imaginemos que esse Cristo foi torturado e crucificado no céu (pelas forças maléficas, por exemplo) mas que Deus o fez ressuscitar para poder ir à Terra salvar os humanos. Portanto, estes crentes nutriam a esperança de que o Cristo viria brevemente à terra para os resgatar para uma gloriosa vida celestial. Então os crentes estariam à espera de Cristo.

Entretanto, um conjunto de autores compuseram os evangelhos com a história de um tal Jesus Nazareno que era o Cristo e que veio à terra no tempo de Herodes e Pilatos.

Haviam então duas posições:
-          Para alguns crentes, o Cristo era um ser celestial que viria à terra num futuro próximo;
-          para outros, o Cristo já tinha vindo na forma de um homem chamado Jesus Nazareno.

Como é que se poderiam harmonizar as duas crenças? Por exemplo, do seguinte modo:
-          o Cristo já tinha vindo à Terra na forma de um homem chamado Jesus Nazareno, mas prometeu vir uma segunda vez, num futuro próximo.


sábado, 19 de janeiro de 2013

Evangelhos - Considerações Finais





Para finalizar a leitura dos evangelhos, vamos analisar e comparar a interpretação tradicional acerca da historicidade de Jesus.

O que a tradição diz
O que os textos mostram
Os quatro evangelhos são testemunhos independentes de acontecimentos do século I.
Os evangelhos não mostram ser testemunhos de acontecimentos e mostram que não são independentes.
Jesus era muito famoso e era seguido por multidões na Galileia e na Judeia
Marcos mostra um Jesus muito discreto; de tal modo que as pessoas nem sabiam quem ele era – pensavam que ele era João Baptista (Marcos 8:27-28)
Jesus foi traído por um discípulo, Judas, que indicou quem ele era para ser capturado
Jesus não andava escondido e se fosse famoso não era necessário um traidor para o identificar


Hipótese - Os evangelhos não narravam acontecimentos.
Narravam originalmente uma alegoria sobre uma personagem mítica – o Cristo filho do Deus dos Hebreus.

No entanto, quando alguém escreveu (ou re-escreveu) uma alegada biografia de Jesus Nazareno, como ensinamento do cristianismo, por volta do ano 70, teve de incluir uma explicação do porquê de ninguém até aquela data ter conhecimento da existência desse homem que supostamente teria vivido uns quarenta anos antes.

Quais são os argumentos incluidos no evangelho para justificar a personagem de Jesus ser desconhecida do público?
-          Jesus era discreto - sempre que fazia alguma cura milagrosa dizia para não se falar disso;
-          as pessoas que viam Jesus em eventos públicos pensavam que ele era João Baptista;
-          nem as autoridades o conheciam - Jesus era tão desconhecido que foi necessário uma pessoa do seu círculo de amigos (Judas) para o entregar.

Para melhor entender que o autor de "Marcos" teve de lidar com a situação de como descrever uma personagem que era completamente desconhecida, vejamos em pormenor um dos textos chave:

Marcos 8:27-30 ... e no caminho [Jesus] interrogou os discípulos, dizendo:  - Quem dizem os homens que eu sou? 
Responderam-lhe eles:  - Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros: Algum dos profetas. 
Então lhes perguntou:  - Mas vós, quem dizeis que eu sou? 
Respondendo, Pedro lhe disse:  - Tu és o Cristo. 
E ordenou-lhes Jesus que a ninguém dissessem aquilo a respeito dele.

Marcos diz, nesta passagem:
-          as pessoas que viam Jesus em eventos públicos não sabiam quem ele era e presumiam que ele era João Baptista ou qualquer profeta do Antigo Testamento;

-          Jesus insiste para que os discípulos não divulguem que ele é uma nova personagem e que é o Cristo.


Hipótese - Fases da escrita dos evangelhos
Fase 1 – criação de narrativas simples sobre a Paixão: o Cristo, filho de Deus, é torturado, crucificado (ou pendurado), morto e ressuscitado (tudo isto acontece num mundo mítico, celestial – não em Jerusalém).

Fase 2 – expansão do texto para um personagem chamado Jesus para ser uma alegoria humana do Cristo – integração da narrativa com personalidades políticas da época (Pilatos, Herodes, João Baptista) – p.ex. Marcos

Fase 3 – embelezamento e expansão de textos anteriores: p.ex. Mateus e Lucas

Fase 4 – harmonização – a partir do momento em que os evangelhos começaram a circular em conjunto foi necessário eliminar contradições onde possível



Não perca os próximos artigos a publicar sobre Actos dos Apóstolos.

sábado, 12 de janeiro de 2013

Paixão VI - Ressurreição






De todos as passagens do evangelho, a ressurreição de Jesus é o episódio determinante da doutrina do cristianismo. 


A descoberta no túmulo vazio

Para que o mundo soubesse que houve uma ressurreição de Jesus, era necessário que houvesse testemunhos que tal tinha ocorrido. Mas os quatro relatos não chegam a acordo sobre quem chegou primeiro ao túmulo, no domingo.

Marcos 16:1
Mateus 28:1
Lucas 23:55-24:11
João 20:1-4
Maria Madalena, Maria a mãe de Tiago, e Salomé.
Maria Madalena e a outra Maria. E, antes delas, já lá estariam uns guardas.
Maria Madalena, Joana, Maria a mãe de Tiago, e pelo menos mais duas mulheres.
Maria Madalena sozinha viu o túmulo aberto e correu a  procurar Pedro, retornando com ele e “outro discípulo”.


Podemos perceber que a única personagem que aparece como testemunha do túmulo vazio em todos os relatos é Maria Madalena. É difícil imaginar uma situação em que os quatro relatos possam ser considerados simultaneamente verdadeiros.

Igualmente inconsistente é a descrição do que é que se podia ver naquele momento dentro e fora do túmulo:

Marcos 16:5
Mateus 28:2-7
Lucas 24:4
João 20:4-14
As mulheres viram um rapaz, vestido de  branco, sentado dentro do túmulo.
As mulheres viram “um anjo do Senhor” com aspecto de relâmpago e vestido de branco, sentado na pedra, fora do túmulo; também os guardas estavam presentes.
As mulheres viram dois homens com aspecto resplandecente, não se especificando se dentro ou fora do túmulo.
Um “outro discípulo” e Pedro viram os panos que embrulhavam o corpo de Jesus e foram embora; Maria Madalena espreitou e viu “dois anjos vestidos de branco” sentados dentro do túmulo e logo a seguir viu Jesus.


Qual dos evangelistas tinha razão?


A notícia das mulheres

A quem contaram as mulheres acerca do túmulo vazio?

Marcos 16:8
Mateus 28:8
Lucas 24:9
João 20:18
Não disseram nada a ninguém.
Foram a correr contar aos discípulos de Jesus
Foram contar aos onze e a todos os outros
Maria Madalena conta aos discípulos que viu Jesus


Então em que ficamos? As mulheres contaram ou não contaram?

Num extremo temos o livro de Marcos que conta que as mulheres ficaram caladas e “não disseram nada a ninguém”. No outro extremo temos Lucas, que, conforme já foi dito, mostra uma perspectiva muito feminina do relato, diz que as mulheres “contaram aos onze e a todos os outros”.

A versão mais antiga de Marcos (conclusão curta) termina em Marcos 16:8. Os episódios posteriores foram um acrescento.

As aparições

Para responder à pergunta “A quem apareceu Jesus em primeiro lugar?” o melhor é não confiar no relato de Lucas, porque é o que mais se afasta dos outros três relatos.

Marcos 16:9
Mateus 28:2-9
Lucas 24:13-15
João 20:4-14
Jesus apareceu a Maria Madalena, não explica onde nem como
Quando as mulheres (Maria Madalena e a outra Maria) iam a correr, Jesus apareceu-lhes
Jesus apareceu a dois discípulos, Cléopas e outro, “a caminho de Emaús”
Jesus apareceu a Maria Madalena logo no local do túmulo


Vejamos as diferenças:
-          em Marcos (conclusão longa de Marcos) e João, Jesus aparece primeiro só a Maria Madalena;
-          em Mateus, Maria Madalena está com “a outra Maria” quando vê Jesus;
-          em Lucas, foram dois discípulos desconhecidos; como um deles é referido por nome (Cleópas), provavelmente seria um conhecido do autor que foi brindado com um papel especial;


E a quem mais apareceu Jesus?

Marcos 16:14
Mateus 28:16-17
Lucas 24:33-36
João 20:19-21:14
Apareceu a mais dois e depois aos onze, quando estavam à mesa
Apareceu aos onze, num monte, na Galiléia, e alguns não acreditaram...
Apareceu aos onze e mais outros que estavam com estes, em Jerusalém
Apareceu, numa sala fechada à chave, aos discípulos excepto Tomé; oito dias depois, apareceu aos discípulos já com Tomé; depois ainda apareceu para ir pescar com alguns na Galiléia


Neste ponto instala-se a confusão total, pois nenhum relato coincide com os outros.

Na versão de Marcos, as aparições de Jesus são relatadas numa secção final chamada de “conclusão longa”, que não existe em todos os manuscritos encontrados de Marcos, indiciando uma inserção tardia de harmonização; o autor da inserção talvez tentasse harmonizar Marcos com os outros evangelhos. No entanto, quase todas as edições actuais do Novo Testamento incluem esta secção.

Na versão de João, as aparições são relatadas no capítulo 20 e no capítulo 21. Este último capítulo foi claramente um aditamento posterior, descrevendo mais uma aparição de Jesus aos discípulos que estavam a pescar.

Mas Paulo, anos antes da escrita dos evangelhos, na sua carta aos Coríntios, tinha uma história diferente para contar:
1 Coríntios 15:3-8 ... que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras; que apareceu a Cefas, e depois aos doze; depois apareceu a mais de quinhentos irmãos duma vez, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram; depois apareceu a Tiago, então a todos os apóstolos; e por derradeiro de todos apareceu também a mim, ...

Portanto, Paulo, provavelmente, nunca ouviu falar de Maria Madalena e, por outro lado, tinha conhecimento de uma aparição colectiva a quinhentas pessoas que não é referida nos evangelhos. Mais adiante, iremos pormenorizar este polémico “testemunho” de Paulo sobre as aparições de Jesus.

Do mesmo modo, Paulo parece nunca ter ouvido falar de Judas, porque diz que Jesus apareceu aos doze, enquanto os evangelhos dizem que Jesus visitou os onze.



Jesus deixou ser tocado?

Em João, o autor insinua que o ressuscitado Jesus não queria ser tocado por Maria Madalena.

Marcos
Mateus 28:8-10
Lucas 24:36-43
João 20:11-29
-
As duas mulheres agarraram-se aos pés de Jesus.
Jesus diz aos discípulos para o tocarem para certificarem-se de que ele não era um espírito e come peixe com eles.
Jesus diz a Maria Madalena para não o tocar “porque ainda não subiu ao Pai” mas insiste, mais tarde,  para Tomé tocá-lo.


No entanto, em Mateus, Maria Madalena e a outra Maria agarraram-se aos pés de Jesus sem nenhuma oposição por parte deste. Em Lucas é o próprio Jesus que insiste para que os discípulos lhe toquem.



A ascensão

Dos quatro evangelhos, só em Lucas é que se relata a ascensão de Jesus aos céus como um evento observável.

Marcos 16:19
Mateus 28
Lucas 24:51
João 21
Jesus foi recebido no céu, e sentou-se à direita de Deus... (mas ninguém viu...) -  conclusão longa de Marcos
Não há ascensão.
Jesus diz que ficará com os discípulos até ao fim dos tempos
Jesus subiu aos céus em Betânia (Judeia), aparentemente no próprio dia da sua ressurreição
Não há ascensão.



O evento é também relatado em Actos dos Apóstolos, cujo autor é também, provavelmente, o autor de Lucas, mas o relato não é consistente com o relatado em Lucas:
-          em Lucas, Jesus subiu aos céus em Betânia (Judeia), aparentemente no próprio dia da sua ressurreição;
-          em Actos dos Apóstolos, Jesus subiu aos céus no Monte das Oliveiras, em Jerusalém, quarenta dias depois da ressurreição (Actos 1:9-12)

Mas, presumindo que o autor de Lucas é o mesmo que o autor de Actos, como se explica uma inconsistência destas? Provavelmente trata-se de mais um caso de inserção posterior no livro de Lucas.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Paixão V - Morte e Sepultamento





As últimas palavras

Em todos os evangelhos estão registadas as últimas palavras de Jesus. Como os registos não coincidem, não se percebe quais é que foram mesmo as últimas.

Marcos 15:33-37
Mateus 27:46-50
Lucas 23:44-46
João 19:29-30
“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Salmos 22:1, citado em aramaico)
“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Salmos 31:5)
“Tenho sede”, e depois “está consumado” (nada de poesia!...)

Como curiosidade, no filme “A Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, foi feita uma interpretação “interessante” desta passagem, fundindo todas estas versões: Jesus diz sequencialmente todas estas frases. Mas são todas as últimas palavras de um homem prestes a morrer?

Parece que o autor de Marcos quis retratar Jesus como um Messias que morre decepcionado com Deus ao verificar que estava a morrer preso a uma cruz e que nada de espantoso sucedia.

As frases que Jesus profere em Marcos, Mateus e Lucas são citações de poesia do Antigo Testamento. Podemos ver que, em Marcos e Mateus, Jesus recita um texto de Salmos 22:1, enquanto, em Lucas, Jesus recita o texto de Salmos 31:5.
Salmos 22:1 Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? por que estás afastado de me auxiliar, e das palavras do meu bramido? 
Salmos 31:5 Nas tuas mãos entrego o meu espírito; tu me remiste, ó Senhor, Deus da verdade.

É compreensível que “Lucas” não quisesse retratar Jesus a recitar um texto que inspirasse decepção (“abandonaste-me, porquê?...”), pois o Filho de Deus não poderia duvidar do seu Pai, mas, ao dizer “nas tuas mãos entrego o meu espírito” revelaria uma forte confiança como Filho. Portanto, as duas citações têm valores opostos. No fim de contas, e considerando que Jesus nesta altura era um homem em agonia afixado numa cruz, a última coisa que se lembraria seria recitar poesia antiga! Daí que a frase mais realista está na versão de João: “está consumado”!


Morte e sobrenatural

Vamos agora comparar os acontecimentos sobrenaturais que estão relatados no momento da morte de Jesus.


Marcos 15:38
Mateus 27:51-53
Lucas 23:44-45
João 19:32-34
Trevas sobre a terra.; A cortina do santuário rasgou-se em dois, de alto a baixo.
Trevas sobre a terra. A cortina do santuário rasgou-se em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras fenderam-se, os sepulcros abriram-se, e muitos mortos foram ressuscitados; e, sairam dos túmulos, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.
Trevas sobre a terra, pois o sol se escurecera; e rasgou-se ao meio a cortina do santuário.

Os soldados, foram  quebrar as pernas aos crucificados; mas não quebraram as pernas de Jesus porque viram que já estava morto; um dos soldados furou-lhe de lado com uma lança, e saiu sangue e água.



Definitivamente, aqui os autores deixaram a imaginação fluir, principalmente “Mateus”, que relata acontecimentos que não poderiam passar despercebidos a muitos milhares de habitantes de Jerusalém.

Uma coisa é “Marcos” dizer que “a cortina do santuário rasgou-se”, pois o santuário era um local do Templo onde muito poucos podiam entrar e, para além disso, já vimos que Marcos poderá ter sido escrito depois de 70 EC, ou seja, após a destruição do Templo pelos romanos. Portanto Marcos relata um evento não só discreto como dificilmente comprovável. Completamente diferente é “Mateus” e “Lucas” apresentarem acontecimentos manifestamente públicos: um terramoto e o escurecimento do Sol, respectivamente (já para não falar nos zombies de Mateus):
-          “Mateus” relata um terramoto de escala suficiente para fender pedras e abrir túmulos – o que não poderia passar nada despercebido;
-          “Lucas” relata um escurecimento do Sol, o que tem sido interpretado como um eclipse solar; mas é impossível haver um eclipse solar em dia de lua-cheia (o Sol não pode iluminar a Lua e ser simultaneamente obscurecido por esta).


Por outro lado, João conta-nos que “os judeus” pediram a Pilatos para acelerar a morte dos condenados para poderem ir enterrá-los antes de chegar o Sábado (Sabbath). Por isso, os soldados foram quebrar as pernas dos crucificados:
João 19:31-34 Ora, os judeus, como era a preparação, e para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, pois era grande aquele dia de sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados dali.  Foram então os soldados e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele fora crucificado; mas vindo a Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; …

No seguimento da morte de Jesus, é relatado em todos os evangelhos que José de Arimatéia foi pedir a Pilatos o corpo de Jesus para o sepultar. O que é estranho é, em Marcos, Pilatos mostrar-se surpreendido ao saber que Jesus já tinha morrido (podemos imaginar Pilatos a dizer: “Era só para espancar, crucificar e partir-lhe as pernas! Não mandei materem o homem!”...):
Marcos 15:43-44 José de Arimatéia, ilustre membro do sinédrio, que também esperava o reino de Deus, cobrando ânimo foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Admirou-se Pilatos de que já tivesse morrido; e chamando o centurião, perguntou-lhe se, de fato, havia morrido.

Então podemos formular as seguintes hipóteses:
-          “Marcos” mentiu, afirmando que Pilatos admirou-se de saber que Jesus tinha morrido;
-          ou “João” mentiu e, portanto, Pilatos não ordenou que se quebrassem as pernas dos condenados;
-          nenhum dos autores mentiu, pois ambos estavam a descrever ensinamentos e não acontecimentos.


Sepultamento

Os quatro evangelhos são unânimes em relatar que quem tratou do sepultamento de Jesus foi um homem chamado José de Arimateia. Mas quem era este José de Arimateia?

Marcos 15:43
Mateus 27:57
Lucas 23:50-51
João 19:38
Membro ilustre do Sinédrio, que também aguardava o “reino de Deus”
Um homem rico, que era discípulo de Jesus
Membro do Sinédrio, justo e bom, que não votou contra Jesus
Discípulo secreto de Jesus.


E José de Arimatéia foi sozinho sepultar Jesus? Quem sepultou Jesus?

Marcos 15:43-46
Mateus 27:57-60
Lucas 23:50-53
João 19:38-40
José de Arimatéia
José de Arimatéia e Nicodemos


Em Marcos e Mateus está registado que José de Arimateia, antes de se ir embora, rolou uma pedra para tapar a entrada do túmulo. Então essa pedra não seria assim tão pesada, a não ser que José de Arimateia fosse um campeão de levantamento de pesos. Mateus acrescenta que os sacerdotes e fariseus sugeriram colocar uma guarda a vigiar o túmulo não fossem os discípulos roubar o corpo de Jesus.

O Evangelho de João acrescenta que Nicodemos, descrito como um príncipe (gr. archon; governante) judeu, também participou no sepultamento de Jesus (será que José de Arimateia fechou o túmulo ainda com Nicodemos lá dentro?...).