domingo, 20 de janeiro de 2013

Actos dos Apóstolos - Introdução, Ascensão






Introdução

O livro Actos dos Apóstolos, ou pelo menos uma parte deste, foi provavelmente escrito pelo mesmo autor que escreveu Lucas (ou um autor da mesma “escola”).

Lucas 1:1-3
Actos 1:1-2
Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem.    
Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar, até o dia em que foi levado para cima, depois de haver dado mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera;

Este livro constitui uma conveniente harmonização entre os evangelhos e as cartas de Paulo. Conveniente, porque, como vamos ver mais à frente, a mensagem de Paulo não tem muito em comum com a mensagem dos evangelhos. Se não fosse pelo livro Actos, o Novo Testamento teria duas doutrinas claramente separadas: a doutrina dos Evangelhos e a doutrina de Paulo.

O livro de Actos tem uma parte acerca da primitiva igreja de Jerusalém liderada por Pedro e depois uma detalhada biografia de Paulo, que aparece em cena alguns anos após a morte de Jesus.

O livro está escrito sob a forma de romance de aventuras, como se fosse orientado para uma audiência juvenil, pois contém muita acção.


Adeus, até à próxima - a Ascensão

No início do livro de Actos ficamos a saber que Jesus foi observado pelos discípulos enquanto subia aos céus (numa cena semelhante ao lançamento do Space Shuttle). Durante este evento apareceram dois anjos (ou, simplesmente, dois homens de branco) que lhes disseram que Jesus haveria de retornar do mesmo modo que subiu aos céus:
Actos 1:9-12 Tendo ele dito estas coisas, foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. Estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles apareceram dois varões vestidos de branco, os quais lhes disseram: Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.

Nos evangelhos, Jesus profetiza o seu regresso dentro da geração dos discípulos que conviveram com ele. Nestas profecias Jesus identifica-se com o nome de “Filho do homem” (pelo menos essa é a interpretação tradicional, que Jesus está a falar dele próprio quando diz "Filho do homem"):
Marcos 8:38-9:1 Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos. Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder. (também em Mateus 16:27-28 e Lucas 9:26-27)
Marcos 13:24-30 Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados. Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória. E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu. ... Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas essas coisas aconteçam. (também em Mateus 24:29-34 e Lucas 21:25-32).

É certo que, durante os quase dois mil anos que passaram, algumas pessoas dizem ter “visto” Jesus. Mas devemos considerar isto apenas como uma esperiência pessoal e íntima (e não sabemos quantos casos ligados a patologias mentais) e não propriamente como um retorno do Cristo à terra.

Quanto aos discípulos que viviam no tempo de Jesus, a geração deles há muito tempo que se finou e nada de extraordinário aconteceu!

Mas, recuemos no tempo, e imaginemos que o cristianismo começou sem o Jesus Nazareno. Imaginemos que começou em torno de um Cristo celestial, Filho de Deus. Imaginemos que esse Cristo foi torturado e crucificado no céu (pelas forças maléficas, por exemplo) mas que Deus o fez ressuscitar para poder ir à Terra salvar os humanos. Portanto, estes crentes nutriam a esperança de que o Cristo viria brevemente à terra para os resgatar para uma gloriosa vida celestial. Então os crentes estariam à espera de Cristo.

Entretanto, um conjunto de autores compuseram os evangelhos com a história de um tal Jesus Nazareno que era o Cristo e que veio à terra no tempo de Herodes e Pilatos.

Haviam então duas posições:
-          Para alguns crentes, o Cristo era um ser celestial que viria à terra num futuro próximo;
-          para outros, o Cristo já tinha vindo na forma de um homem chamado Jesus Nazareno.

Como é que se poderiam harmonizar as duas crenças? Por exemplo, do seguinte modo:
-          o Cristo já tinha vindo à Terra na forma de um homem chamado Jesus Nazareno, mas prometeu vir uma segunda vez, num futuro próximo.


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